PARÓQUIA DA INCLUSÃO JUSTIFICA SEU NOME!!!!



Vivemos na "Era da Técnica" - dizem os filósofos. Celebramos ou maldizemos a pós-modernidade. Já nos preocupamos com pós-humanos e alienígenas... Porém, com tudo isto, ainda não desvendamos os segredos do coração do homem. Com tanta tecnologia, e coisas tão singelas, como "respeito" e "amor", ainda são insondáveis e se fazem, para o homem do terceiro milênio, seu maior desafio. Enquanto a complexidade é desvendada, o simples é ainda indecifrável.

Dentro deste simples está, sem sombra de dúvidas, o mistério que cada religião carrega. Toda religião é portadora de uma complexa rede de significações que toma a existência humana por inteiro e faz os mais céticos dos homens se curvarem diante de seus desidérios. Porém, os desafios com respeito a estes mistérios não estão apenas fora do âmbito religioso, com físicos e biólogos, mas também dentro da própria compreensão religiosa. Não apenas contra o ceticismo e o cientificismo que as religiões devem se preocupar, senão também com um mal ainda maior.... "a intolerância religiosa".

Homens de fé que pregam a paz são capazes de abandonar qualquer princípio religioso para afirmar, em cima de outro homem de fé e de paz, que a sua fé e a sua paz é melhor, única e verdadeira. A comunhão com o divino, de repente, se submete ao imperativo da guerra e do ódio em vista de poder destruir o outro. Agem como se o próprio Deus, que também age na crença dita herética, ficasse caduco, e se esquecesse que ele ele é onipresente, e pedisse que seus fieis matem quem não acredita naquele é causa de tudo. É o mal da caduquice divina: Deus se esquece que é onipresente e manda seus fiéis destruir, matar, odiar e repugnar qualquer manifestação dele mesmo que não está de acordo com ele mesmo. Como pode se afirmar a onipotência, onipresença e onisciência divina se se não reconhece isso na fé de outrem? Como pode Deus pedir a alguém que ofenda seus irmãos de fé apenas com justificativa de que é "diferente"?

É contra esse mal: "a caduquice divina", que a Paróquia da Inclusão se uniu com os irmãos e irmãs do Terreiro Tenda de Umbanda Vovô Catarina e Pai Benedito e da Rede Celebra para um ato contra a Intolerância Religiosa. Este ato de indignação ocorreu, além das motivações descritas, em função dos últimos ocorridos: irmãos evangélicos atacando brutalmente e destruindo terreiros de umbanda e candomblé em nome da fé. A caduquice divina se instalou em nosso país. Quanto mal tem feito a  caduquice divina. 

Neste culto de indignação e união - ao som de muito atabaque e hinos cristãos - as três "facetas da manifestação divina" (anglicanos, romanos e umbandistas) se propuseram a derrubar os muros da intolerância, preconceito, abuso de poder, maledicência, falta de amor, tantas outras coisas que são discursadas aos quatro ventos como princípios de divisão. A quebra simbólica destes muros abriu a possibilidade da "mesa comum", o lugar de encontro de todas as manifestações divinas. A caduquice divina deu lugar à "gulodice divina". Se Deus pode ser conceituado, não é o amor, a paternidade ou maternidade que define sua natureza absoluta, mas a gulodice; pois todas as religiões (as grandes tradições orientais e ocidentais) tem a refeição como símbolo máximo de encontro com a divindade. O Deus guloso se fez presente e todos puderam comer nesta mesa.

O ato de comer junto nos coloca em condições iguais, nos faz filhos do Filho, nos faz filhos da mesma Mãe (Mães de santo), nos faz filhos amados. Todos comemos, todos se fartam e todos fazem a divindade manifestar. O desfecho foi o compromisso de luta. Quem come junto não quer ver ninguém passar fome, não quer ver ninguém passar fome de Deus. Por isto, celebrou-se o compromisso de marcar uma outra refeição: uma caminhada em memória daqueles que morreram defendendo a mesa comum. Daqueles que pregaram "a gulodice divina" ao invés da "caduquice divina". A Caminhada dos Mártires, que ocorrerá no dia 28 de outubro deste ano, já é uma práxis em Campo Grande-MS sob a batuta do núcleo da Rede Celebra desta cidade. Ela é um outro tipo de refeição, uma refeição que colocará a todos em marcha contra aqueles que querem comer tudo e não deixar nada para ninguém.

Agradecemos ao Deus guloso por este  momento tão rico, tão gustativo e pleno de fraternidade. Agradecemos aos irmãos e irmãs que gritaram contra a caduquice divina, contra esse Deus que só quer ver a felicidade de seu gueto que se diz: "Igreja". Agradecemos a todos e todas pela acolhida, pelos hinos, pelas entoadas de atabaque, aos girantes e os novenários, aos liturgistas e às autoridades públicas, a todos os filhos de Oxum, e aos Oblatos beneditinos que resolveram se misturar na festa de Dionísio, o Deus da alegria, do Axé, da Oração e do Trabalho e o do Papa Francisco.

Axé! AleluiaI Awere!


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AGUARDEM!!!!

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